
Sobre o projeto:
A culpa é da Dieta
Curiosidade: o nome "a culpa é da dieta" nasceu de um projeto com uma parceira em 2016 e batizou meu instagram profissional @aculpaedadieta
Você já fez alguma mudança radical, tentou controlar sua alimentação ou seguiu uma dieta prescrita por um período, e com o passar do tempo foi deixando de lado alguns comportamentos?
Se percebe em ciclos de controle e descontrole com
a comida? Sente dificuldade em manter uma relação boa com sua comida e manter hábitos sustentáveis?
Frustração na certa! Muitas pessoas nessa situação pensam que a razão da falha foi a falta de esforço ou disciplina da parte delas, mas a Ciência por trás deste assunto garante que esse não é o motivo pelo qual essas mudanças não dão certo por muito tempo.

Fazer dieta não funciona a médio e longo prazo
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Em média, 95% das pessoas que engajam em uma dieta restritiva retornam ao peso anterior ou até maior num período de 2 a 5 anos.
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Fazer dietas desregula nossos sinais corporais internos (de fome, apetite e saciedade).
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Fazer aumenta a chance de episódios de exagero alimentar e o risco de desenvolver transtornos alimentares.
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Dietas aumentam o risco de efeito sanfona🡪 além de oscilações no peso,
o efeito sanfona favorece oscilações importantes e nocivas na pressão arterial, no batimento cardíaco, e flutuações na filtração renal e na taxa
de glicose e gordura no sangue, aumentando risco de doenças cardiovasculares e renais.
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Em adolescentes, a prática de dietas também parece ser um preditor importante para o desenvolvimento
de obesidade na vida adulta.
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A mentalidade de dieta por si só aumenta a obsessão por comida (pensar em comida quase todo tempo), a culpa ao comer, além de, em geral, levar a escolhas alimentares com foco apenas em nutrientes, desconsiderando contexto, fome, saciedade e vontades.
Mas e se eu tenho doenças crônicas, como diabetes, hipertensão arterial, doenças hepáticas e/ou doenças renais?
Seguir dietas costuma também ser um fator de abandono da adesão ao tratamento no longo prazo.
Pessoas com questões crônicas de saúde precisam sim de acompanhamento e ajustes na alimentação, mas tentar construir isso por meio de regras rígidas e mudanças abruptas costuma levar à falha na mudança de comportamento no longo prazo, ciclos de episódios de restrição e exageros e possível desprazer com a alimentação, piora da relação com a comida e da qualidade de vida no longo prazo.
Calma!!! Não fazer uma dieta, ou um plano alimentar rígido e se livrar dos comportamentos baseados na cultura da dieta não quer dizer comer de qualquer jeito e cultivar um descuido com a saúde.
Existe sim um caminho diferente, no qual vamos entender seus principais motivadores para comer, entender seus desejos, resgatar a percepção acurada dos seus sinais internos, trabalhar planejamento, improvisos e flexibilidade, dentre outros pontos importante para que você consiga desenvolver autonomia alimentar e possa aprender a fazer escolhas sustentáveis, prazerosas, nutritivas.

Mais aspectos por trás do problema da cultura da dieta:
A primeira coisa importante de entender é que tanto a dieta ou tentar fazer dieta (mesmo sem conseguir colocar em prática, mas cultivando a "mentalidade da dieta") tem como premissa o autocontrole e a ideia de força de vontade.
Essa premissa inclui a tentativa de inibição de determinados comportamentos ou inibição de "impulsos", ou seja, a capacidade de renunciar a recompensas imediatas.


As falhas na tentativa de dietas (ou autocontrole) acontecem por diversas razões, estas envolvem desde esgotamento, fadiga, falta de recursos atencionais necessários à implementação de metas, bem como nossa dificuldade com escolhas e sua relação com o tempo, ou seja, o nosso impasse entre obter benefícios imediatos em detrimento de benefícios futuros.
Não bastasse essa ideia de autocontrole falha que já coloca as dietas num lugar muito custoso fisiologicamente e emocionalmente para o nosso corpo, o saldo ainda vai ficando mais negativo.
Consequências nocivas e pouco discutidas da cultura da dieta:
A ideia de privação e a dicotomia alimentar (alimentos bons vs. ruins; alimentos nutritivos vs. alimentos porcarias, e assim vai...) contida na lógica de dietas também aumenta o valor recompensador das comidas, isso quer dizer que, se antes, por exemplo, você já gostava de chocolate, após tentar restringi-lo, ele vai ficará mais interessante, e esse valor recompensador aumenta a cada tentativa de dieta.
Os efeitos psicológicos da cultura da dieta geram mais obsessão por comida, mais culpa ao comer determinados alimentos e também aumentando chances de lidar com as emoções usando a comida (e de um jeito pouco gentil e pouco prazeroso).
Por fim, o saldo das dietas é uma vida baseada em negligenciar sinais do corpo, negar desejos, sentir-se mal quando se come determinados alimentos, alta percepção de sacrifício e luta eterna contra a balança.
É comum que a insatisfação corporal piore à longo prazo (seja porque nunca ‘está bom’ o peso atingido ou porque o custo emocional para mantê-lo é enorme).
A cultura da dieta é uma das grandes perpetuadoras da má relação que as pessoas tem com seus corpos e com a comida atualmente. Ela também contribuiu para o terrorismo nutricional - nutrientes vilãos e mocinhos- e para o que alguns chamam de epidemia da obesidade.